quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Conte as suas férias

Passaram uma redação no colégio, e o tema era "corrupção". Com um tema clichê desses você tem que ser criativo. O que eu consegui fazer foi isso aí.

***

A polícia pega o menino com uma dólar de maconha, poderia levá-lo para a delegacia, fichá-lo, tomar as medidas cabíveis, mas basta que ele tenha uma nota de vinte, que ele vai embora ileso. A polícia descobre o político criando mega-empresas fantasma de lavagem de dinheiro, movimentando milhões internacionalmente, mas basta que o político faça um depósito com mais de seis zeros à direita, que ele sai ileso. A corrupção no nosso país vai do infinitesimal ao infinito e além, está em todas as camadas, virou um aspecto cultural. As pessoas se acostumam. Um policial não ganha muito, mas se ele for extorquir todo usuário que ele encontra, numa semana pode conseguir facilmente mais de um salário mínimo extra. Já é motivação o suficiente para não fazer greves por salário, com uma fonte de renda alternativa boa dessas. E se uns quinhentos reais por semana já são motivação o suficiente, imagine milhões e milhões por mês. Ninguém tem interesse em acabar a corrupção.

Do jeito que vai, não é nem perto do exagero dizer que é impossível acabar a corrupção. Teria que se fazer uma campanha pesada e intensiva, se bem que provavelmente muito dinheiro de origens duvidosas iria passar por essa campanha. Nada está a salvo da corrupção, e nada é sagrado o suficiente para ser intocável. Nem Deus. As igrejas Universais que o digam.

Poderíamos, quem sabe, incitar uma campanha anti-corrupção no submundo. Se um traficante se recusar a ser extorquido por policiais, bem que podia ir preso, mas fichar um processo de extorsão contra os policiais. Já era um dinheiro bom a mais, e a serviço da comunidade. E que policial iria querer extorquir se não pudesse mais nem confiar no "mau-caráter" dos traficantes?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sistema Internacional de Unidades

Você desce de um ônibus lotado na Epitácio, e sua meta é algum ponto no coração do Bairro dos Estados, no meio daquelas ruas todas iguais, debaixo do sol quente. Uma sede se apodera de você, que nem se anima em começar a longa peregrinação. Você compra uma latinha de cerveja para servir de mantimento. A latinha acaba, e no meio do caminho compra outra. No percurso final, mais outra. Quando finalmente chega ainda te olham torto.
"Que demora da porra! Viesse rastejando, foi?"
"Vá se foder, tem idéia de quanto eu aindei?"
E é aí que você nota que nem você tem idéia de quanto andou, só sabe que foi muito. Naquelas ruas iguais do Bairro dos Estados perde-se toda a noção relativa de distância e localização. Quando te perguntam quanto você andou, a única resposta que te vem é:
"Três cervejas!"
Não tem ninguém que não entenda.

***

Para fins estatísticos, uma cerveja foi calculada em aproximadamente 300 a 450 metros, dependendo do tamanho do gole, e do intervalo entre um gole e outro (que geralmente é de quatro a seis metros).
Essa foi uma idéia desenvolvida por Pedro Henrique.